O NOSSO ÚLTIMO ARTIGO SOBRE MOTOGP

Valência. Correram-se este fim-de-semana as últimas provas do Campeonato de MotoGP, Moto2 e Moto3, no Circuito Ricardo Tormo, em Valência, pista com um perímetro de 4 km que contempla 14 curvas (9 esquerdas e 5 direitas com reta mais longa de 879 metros), quase sempre debaixo dos efeitos da chuva, o que originou muitas quedas.

Apesar das melhorias de segurança na pista este ano que, ainda assim, evitaram que a contabilidade fosse mais complicada, foram mais de 150 quedas ao longo do fim-de-semana, batendo este triste recorde.

Portugal tem que ficar contente com os resultados. Miguel Oliveira, com condução exímia, saindo do 9.º lugar da grelha, ganhou e mereceu o 1.º lugar, fechando a sua carreira na categoria Moto2 a ouvir o Hino Nacional, logo no lugar mais alto do pódio.

Bom augúrio para o nível seguinte, que a partir de agora será o MotoGP, conseguindo o nosso piloto ser o vice-campeão desta temporada 2018 de Moto2. Parabéns Miguel Oliveira!

Na corrida de Moto2, assistimos a um arranque a la Moto3. Logo no início, a segunda curva “cobrou” alguns dos melhores pilotos, alterando completamente as perspectivas iniciais. Vimos Iker Lecuona conseguir, pela primeira vez, subir ao pódio (ficando em segundo). Notável resultado, saindo da 23.ª posição, aos 18 anos e em Espanha – o mesmo é dizer, em casa, já que nasceu em Valência. Atrás dele, em 3.º lugar, outro espanhol que hoje parece ter voltado a ser demasiado impulsivo: Alex Marquez. E o que terá motivado isso? Talvez não tenha resistido à pressão do nosso campeão Miguel Oliveira, logo atrás, quando lhe começou a ganhar tempo e isso surgiu nos avisos da reta da meta. Não assistimos a uma luta ombro a ombro, foi mais a vitória do metrónomo interno de Miguel, o seu “rolar” constante, sem erros, a contribuir para inquietar a vontade de Marquez, que também ambicionava ganhar. Pareceu-nos que foi a pressão de estar em casa, de ser o irmão do campeão da categoria maior, além da pressão imposta pelo Miguel Oliveira, sempre ali, à espera, a recuperar.

A pista, com zonas muito difíceis e castigadoras, foi limando as aspirações dos pilotos e só mesmo quem teve “unhas”  e “nervos” para tocar a “balada” à chuva com suavidade conseguiu “cantar” vitória no final.

MotoGP: chuva “ditou” regras

Na classe rainha também a chuva mudaria destinos. A prova, sem as ultrapassagens in extremis a sucederem-se a cada oportunidade, como acontece por frequentemente, foi causadora de uma ansiedade indescritível, desde o início, em que se sabia da condição física de vários pilotos – entre os quais Marc Marquez a correr depois de um ombro deslocado na qualificação no dia anterior, com cirurgia marcada para depois dos testes da nova temporada, mas que voltou a deslocá-lo em prova – até ao final que era a despedida do MotoGP para alguns pilotos.

Ronda 19, é o final do campeonato, a prova onde todos querem deixar uma boa recordação.
Valência esgotou há muito, com 97 mil espetadores a assistir no circuito. Pista molhada, e com ameaça de voltar a chover ainda mais forte, com 15º C no ar e 14º C na pista, vão correr-se  27 voltas.

Viñales na pole. Lorenzo de volta às corridas, na 5.ª linha e Rossi na 6.ª linha da grelha. Rossi tem 2 pontos de vantagem sobre Viñales – perderá a 3.ª posição do campeonato? Conseguirá manter? Esta é, talvez, a incerteza e única alteração significativa que pode ocorrer no campeonato, fruto do resultado final aqui.

Rins, em Suzuki, sai a voar e “dispara” na frente. Marquez e Petrucci acotovelam-se forte, entre os restantes pilotos. Viñales está em 2.º e Rossi sobe 6 lugares, curvando em 10.º. Circuito estreito, difícil para ultrapassagens, mas as trocas, nesta fase em que não se pode perder tempo, são constantes.

Sobre a linha de meta, Rins é passado por Dovi, logo a seguir a Viñales ter cortado em 2.º – são duas posições de uma assentada a mostrar o acerto da Ducati. Marquez 4.º e Rossi já em 8.º. Continuam as trocas mas as ultrapassagens são cautelosas, o estado da pista o peso das motas com depósito carregado, assim o recomendam, mas o primeiro – sem o spray das outras motas na viseira, já conseguiu 2 segundos de vantagem. Spray que é enorme… atrás de uma mota quase não se vê para passar e, ainda assim a KTM vai ultrapassando os adversários. Agora está Rins na frente seguido por Dovi mas já com Espargaro em 3.º que, a provar a falta de cautela, cai… e sai de pista, parecendo magoado. Marquez está ao ataque, assim como Rossi que começa a ver Viñales e tudo isto em 3 voltas.

Grande última corrida. A vinte e três voltas do fim Rossi  consegue o objetivo principal, passar o colega de equipa e segurar (temporariamente) o 3.º lugar do campeonato – passando para 7.º lugar. E continuam as quedas: cai Jack Miller. Alex Rins leva 3 segundos de avanço sobre Dovi. Marc e Espargaro seguem, colados, a menos de 1 segundo do 2.º, trocando de lugares. Petrucci e Rossi vinham logo atrás mas Danilo Petrucci cai. Agora está Rossi em 5.º e os fãs começam a sonhar com algo mais. Pol Espargaro, sai de pista e deve ter agradecido as modificações de segurança da pista já que consegue voltar mas à custa de muitos lugares. Roda em 17.º quando cai Marquez, e lá se vai o ombro de novo – vê-se bem a dificuldade do campeão em título. Esta situação deixa Rossi em 3.º – teremos o nove vezes campeão no pódio da pista que lhe tem sido tão adversa?

Mas, a brilhar, na frente, está a Suzuki que não ganha aqui há 17 anos. Seguramente que, nas boxes da marca, todos parecem desejar que seja desta mas o céu está ameaçador, de acordo com a previsão. A diferença entre Rins e Dovi vai baixando quando faltam 19 voltas. A concentração é fundamental. Rossi está a 7 segundos dos pilotos da frente mas a rodar agora 1,2 segundos mais rápido do que Rins. Nova queda – desta vez cai Ianone. A diferença baixou para 4,6 segundos entre Rossi e o 1.º, a 17 voltas do fim. Guerra de nervos nas boxes. Agitam-se as bancadas onde pontua o amarelo.

A corrida tem muitas novidades, nos lugares seguintes. Entre eles, Bradley Smith, que partiu do último lugar da grelha e roda agora em 8.º. Goste-se ou não, a chuva nivela muito as máquinas e torna imperdoável quase cada exagero aos pilotos. Viñales cai – o que deixa Rossi garantido no 3.º lugar do campeonato – quando o italiano já roda na esteira do 2.º, Dovizioso. Morbidelli cai também. Faltam 14 voltas. E, Bradley Smith, também cai.

Rins, talvez desconfortável com a situação da pista, abre a frente e perde dois lugares. Dovi e Rossi passam. E Rossi ataca Dovi, passando e perdendo logo a seguir na aceleração. Nas curvas recupera, volta a passar quando os comissários mostram a Red Flag, devido às condições da pista, com Rossi a acabar de chegar na frente. Como não foram cumpridos 2/3 da corrida terá que haver nova partida.

Drama… Os fãs de Rossi a acreditarem no feito, na vitória, na lenda mas chove demasiado. Está impossível pilotar. Aqua planning é agora uma constante. Os italianos, em luta acesa instantes antes, cumprimentam-se agora no regresso às boxes –  muito bom ver este respeito. Pelas regras, nova grelha será formada com o resultado da volta 13, logo que a chuva abrandar. Serão mais 14 voltas com apenas 15 pilotos. Alex Rins, Dovizioso e Rossi, na 1.ª fila. Dani Pedrosa sai, desta 2.ª partida, da 4.ª posição, naquela que é a sua última corrida em MotoGP. Quem caiu na volta 14, está de volta à corrida, desde que consiga entrar na box até encerrar o Pit Lane, ou seja, em 5 minutos. Felizmente, para quem fez má opção de pneus, pode agora corrigir e vai mudar as probabilidades. Vamos esperar.

E a pista vai voltar a abrir. Haja coração. Rins, Dovi, Rossi, Pedrosa, Zarco, Nakagami, Bautista, Espargaro, Redding, não apetece sequer olhar para a grelha – são intermináveis os 30 segundos do procedimento rápido e volta de aquecimento. Prende-se a respiração. Os nervos são muitos. Grelha formada, 2.ª partida e a Suzuki e a Ducati seguem na frente com a Yamaha a seguir. KTM brilha, perto. Rossi apreciaria a vitória para quebrar o enguiço mas parece que Dovi está ainda mais rápido e passa em primeiro na primeira volta.

Impossível escrever – há que ver. Rossi faz a volta mais rápida, apesar de parecer não ter traseira. Os três pilotos da frente já abriram 3 segundos para o grupo perseguidor encabeçado por Pol Espargaro, na sua KTM, que se bate em duelo com Pedrosa. A Suzuki, na frente, abana, não parece ter hipóteses com a Ducati. Rossi está ali, mostrando sempre boa entrada em curva, mas pouca ou nenhuma saída.  Ganha 5 comprimentos na aproximação à curva e perde depois 8 ou 10 para a impressionante performance da Ducati, na aceleração.

É bom de ver que o que estava mal, na Ducati, foi corrigido na boxe. Parece impossível alguém alcançar agora, depois da paragem, Dovi que rubrica a volta mais rápida. Valentino ataca, passa para 2.º, o seu lugar no campeonato está garantido e só interessa é a vitória – imaginamos que é a estratégia de ataque, o que vai na sua cabeça. Será que consegue apanhar Dovi a 1,9s em 8 voltas? Bautista cai.

A corrida segue perante um silêncio nervoso. Rossi recupera na primeira parte do circuito e perde nas duas seguintes. Não vai dar, é bem claro. Rossi poderá ficar em 2.º no pódio e Rins em 3.º, se não fizeram erros. Há muita água na pista, de novo.
E é Rossi que cai, perdendo a traseira, sempre a traseira, e o pódio. Volta em 13.º à pista, mostrando que é um entusiasta das corridas. Não desiste, seja por respeito aos patrocinadores, aos fãs, à equipa ou a ele próprio. Não sabemos.

Pol Espargaro leva agora a KTM a um mais que provável lugar no pódio – que dia para a KTM. Faltam 3 voltas. Cada piloto da frente tem a sua vantagem, confortável. Só é preciso ter cuidado ao reduzir o andamento, cuidado que nunca é demasiado. Faltam duas voltas. E tudo segue com as precauções devidas, nos lugares da frente, até ao final de uma corrida dramática com a Ducati a conseguir a vitória em Valência (10 anos depois de Casey Stoner o ter feito). A seguir, o primeiro espanhol, Rins, em Suzuki, seguido de outro espanhol, Pol Espargaró em terceiro numa KTM.

Em resumo: KTM ganha em Moto3, em Moto2 e consegue pódio em MotoGP. Marquez, Dovi e Rossi, fechado o campeonato, são os três melhores de 2018 na classe superior onde, para o ano, teremos o nosso Miguel Oliveira, vice-campeão de Moto2 e vencedor da última prova do ano, a apenas 9 pontos do campeão (307), Francesco Bagnaia. Em Moto3 Jorge Martin somou mais pontos mas hoje, temos que noticiar Can Öncü, o mais jovem vencedor do campeonato de MotoGP de sempre ao ganhar aos 15 anos a sua primeira prova, em Moto3. Cedo demais? O leitor ajuizará. O campeonato de construtores fica alinhado com Honda, Ducati, Yamaha, Suzuki, KTM e Aprilia em MotoGP, a Kalex em Moto2 e a Honda em Moto3.

Quadro Classificação Corrida MotoGP

Quadro Classificação Mundial de Pilotos MotoGP

Quadro Classificação Corrida Moto2

Quadro Classificação Mundial de Pilotos Moto2

Quadro Classificação Corrida Moto3

Quadro Classificação Mundial de Pilotos Moto3

Foi um exercício fantástico, acompanhar este campeonato com os recursos que temos disponíveis. Uma nova iteração só deverá ocorrer com apoio extra, alguém que ache a nossa Informação Relevante, agora que nos aproximamos do final do ano e entramos em período de reformulação. É tempo de balanço, de avaliar o que nos trouxe mais visibilidade, e de planear o próximo exercício. Obrigado a todos os que nos seguiram e partilharam a nossa paixão pela categoria.

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Fonte: MotoGP Foto/Vídeo: MotoGP MotoGP Twitter | Sport TV

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