O dia começou cedo… mas não foi para estar no briefing* com os Pilotos, como eu teria gostado… Pilotos que só vi correr a meio da manhã, mas já lá vamos.
Taça de Portugal 1/10 Eléctricos Stock-Modificados
Já sabia que, na Pista, havia alguém cuja fama o precedia, pelo que resolvi levar uma “arma secreta” – um grande amigo, com a sua câmara. O vídeo que já podem ver, e que foi editado por ele apenas algumas horas depois de terminar a prova, confirma que a minha escolha foi acertada – espero que concordem – afinal, o esforço foi todo para quem nos lê, e por quem organizou, competiu, verificou e tornou possível a realização desta prova. Obrigado Sérgio! Mais tarde, culminando o propósito deste ano, à hora planeada, chegaria o meu irmão, com quem partilho esse projeto a que dei o nome de Tablier Magazine.
A última vez (por sinal a minha primeira também) que tinha estado na pista, em Monsanto, fui recebido com chuva (pode ver aqui). Seria injusto não o dizer, apesar da chuva, fui muito bem recebido. Desta vez o sol não faltou e permitiu que a Taça fosse disputada como se espera: com afinco, com elevação, com muita, muita luta e com organização. Sim, houve questões de prova, sim houve situações que foram resolvidas (seguramente sem agradar a todas as partes envolvidas), mas é isto que cabe a uma direção de prova – resolver o que merece ser resolvido, com base nas regras. O bom acolhimento, na pista, manteve-se. Permitam-me o desabafo, de cada vez que falo com quem faz aquilo que gosta, tenho oportunidade de aprender… hoje, foi outro desses dias.
Para mim, vencedores, são todos os que continuam a resistir e a defender esta forma de competição, tão eco como lógica (ecológica). São todos os pilotos que ficam “doentes” por não serem os melhores, mas também todos os que vivem bem com isso e que já deixam a competição não lhes tirar o prazer da condução, do convívio, da paixão (quer pela afinação dos modelos, quer pela nobreza da forma de pilotar). Parabéns pelo excelente conjunto de mangas com que nos brindaram. Quer nas qualificações, quer nas finais, houve emoção, mesmo até ao fim. Aqui há lugar para uma palavra de apreço dirigida ao speaker que soube ir informando os mais e os menos atentos/conhecedores do que se estava a passar, ao mesmo tempo que ia fazendo os necessários alertas aos menos velozes para a presença dos mais velozes, ou ainda avisando quando um ou outro despiste podia colocar em perigo os outros concorrentes em pista.
Ganhar, é uma esperança que todos acalentam, diria eu. Melhorar, julgo eu, também. Mas, a este nível, quando já estamos perante os melhores, saber absorver a alegria da vitória, serenamente parece-me tão importante como lidar com a frustração de um bom lugar que nos escapa por motivos alheios à nossa vontade, apesar de toda a preparação, profissionalismo e dedicação.
Denominador comum às boxes: o material hi-tech, a engenharia de topo que habita cada bólide, a beleza dos componentes em materiais nobres, as ferramentas, a sistematização dos procedimentos, a preocupação com o cumprimento das regras… e o poder conversar nas boxes, com o colega de bancada, ao lado ou à frente, mesmo durante as mangas, dado o silêncio que não é comum noutras categorias.
Depois cada piloto, como diria Ortega, é ele e a sua “circunstância”. Nem todos têm o material que gostariam… o dinheiro ilimitado pode até comprar o melhor material disponível mas não garante o “kit de unhas” necessário para correr ao melhor nível – estamos perante mais uma das situações em que ter sorte dá mesmo muito trabalho: horas e horas a praticar, a afinar, a melhorar. Claro que a pista do Clube a que se pertence é sempre mais fácil, mais familiar e, por tudo isso, mais exigente. Isto, claro, quando o material não nos falha – que também acontece (ou falhamos nós ao material e exigimos demais).
Tudo o que tinha ouvido sobre o “nosso” campeão Bruno Coelho é verdade – e, até agora, só ouvi coisas boas. O foco, a eficácia, o muito treino a corroborar um talento muito especial, foram suficientes para um recorde de pista sideral – mais tarde, noutro artigo, daremos conta disto, e do nomes e posições dos classificados. Mas, o simpático e bem educado Bruno, teve luta à altura. O pódio que recordarei como um momento muito carinhoso, vivido em partilha com esta comunidade que nos recebeu de forma tão franca e amiga – graças, não o esquecemos, ao nosso embaixador, o piloto José Fernando Cordeiro que esteve muito bem, mas a quem nem tudo correu de feição -, dizia eu, o pódio suportou três grandes pilotos, de uma feroz combatividade em pista, cada um com a sua personalidade. Merecem todos o meu enorme Respeito! Perdoem a minha irreverência mas estas provas vivem também pela família e pelos amigos que, sendo ainda um público pouco numeroso para o que eu gostaria de ver, é tão, mas tão bonito. Olhos vivos e sorrisos maravilhosos. Pequenos passos, cambaleantes. Futuros promissores, seja para os casais presentes a quem não me escuso de desejar felicidades, seja para ‘ajudas importantes’ para a vitalidade do Clube, como a incansável Luana.
Desta vez fomos espreitar como se fazem as verificações, e foi com grande detalhe, cordialidade e espírito de partilha que nos foi exemplificada cada etapa. Pela minha parte estou mais informado, mais consciente de que o profissionalismo e a seriedade imperam também neste importante sector onde se defende a apregoada verdade desportiva, e estou certo de ter encontrado um aliado, amigo, na divulgação destes meandros do RC.
Ao Clube organizador e à FEPRA, um sentido abraço. Obrigado por tudo.
Fiquem com esta recordação de hoje, preparada quase em menos tempo do que os fulminantes minutos em que decorreram as Finais C, B e A, pelo nosso amigo, colaborador e praticante da modalidade, Sérgio Prata – a quem também endereço um agradecimento especial.
#TablierMagazine
Vídeo: Sérgio Prata
*Foi para assistir à corrida de MotoGP (08:00) e fazer o comentário que podem ler, neste Magazine noutro artigo.