CAMPEONATO NACIONAL DE ELÉTRICOS | ESCALA 1/10 PISTA
Entrevista ao piloto Paulo Bártolo
A 5.ª prova do Campeonato Nacional de Elétricos Escala 1/10 Pista (calendário da FEPRA – Federação Portuguesa de Radiomodelismo Automóvel) realiza-se no próximo fim-de-semana, na pista das Travessas, em São João da Madeira, e constitui motivo para Tablier.pt conversar com mais um dos pilotos que integram o atual Top 10. Neste sentido falámos com Paulo Bártolo a quem agradecemos a entrevista e desejamos um excelente resto de época. Piloto do ACRP – Clube Radiomodelista do Porto ocupa o 9.º lugar da tabela do campeonato, com 370 pontos.
Paulo Bártolo é um piloto veterano. Muita experiência acumulada, em várias escalas mas é a 1/10 Elétrica, atualmente, a escolhida. Se bem que, no decorrer da conversa acaba por confessar que participa ainda, a nível de clube “em provas de Slot” e que no futuro espera competir em F1 elétrico, também na escala 1/10, quer seja no plano nacional ou de troféu.
Piloto calmo, pelo que já tivemos oportunidade de ver nas provas em que participou e que acompanhámos, Paulo Bártolo é um entusiasta dos automóveis e desde 1990, ano em que começou a praticar este hobby, teve o cuidado de aprender e de se preparar, contando com a ajuda de outros três amigos, também pilotos e de Rui Reis, que gere a mecânica das pequenas máquinas deste grupo de pilotos.
Segundo conta, esta é a terceira época em que participa nesta escala e destaca a competitividade que se regista atualmente entre pilotos. Sustenta que neste campeonato estão reunidos os melhores pilotos de velocidade do país. Fala ainda com um carinho, que apelidamos de “especial”, sobre a pista das Travessas onde após uma pausa retomou o hobby que afirma “contribui muito para o meu bem-estar”.
Paulo Bártolo recomenda a prática deste hobby e sustenta que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República deveria agraciar Bruno Coelho, Campeão do Mundo 1/10 TC Elétricos e Campeão Europeu 1/8 Off Road.
Tablier Magazine: Há quanto tempo te ‘morde’ o ‘bichinho’ da competição? Há alguma história relacionada com a tua descoberta do rádio modelismo, por exemplo, lembras-te o que te trouxe para as ‘corridas’?
Comecei no rádio modelismo em 1990 com a aquisição de um Turbo Burns 4×4 com motor OS Azul em segunda mão, era uma verdadeira “bomba” naquela época. Passei algumas horas de grande prazer junto com um amigo, sempre em pistas improvisadas. Mas, os conhecimentos mecânicos de ambos não estavam à altura das exigências daquele modelo. Assim, por volta de 1991, surgiu a pista das Travessas e com ela a “febre” da escala 1/4, adquirimos então na “Babuska Modelismo” dois Peugeot 905 Spyder. Era só puxar a guita e estava a trabalhar! Fiz então algumas provas troféu e por motivos de vida pessoal e de trabalho só andei um ano.
Ao fim de alguns anos, por volta de 2000/1, abriu em São João da Madeira, por intermédio de Rui Reis, o “Finish Line” pista indoor dedicada a Mini Z e M18, onde voltei a praticar por mais um ano ou dois. Depois nova paragem, mas o bichinho esteve sempre lá.
E, em 2015, o Rui Reis volta a abrir nova pista indoor, agora num pavilhão com excelentes condições, e… eu volto novamente às lides, mas sempre sem competir a nível federativo. Após uns meses e depois de recomeçar a visitar a pista das Travessas e ver, o Fred (Frédéric Santos), o Joaquim Rêgo, Pedro Pereira, e outros, a fazerem uns valentes picanços, apaixonei-me por esta escala e então desafiei o Rui Reis a dar-me apoio mecânico, a mim e a mais três pilotos que frequentavam o indoor, uma vez que nenhum de nós percebia nada daquilo a fazermos o Nacional 1/10 TC com um carro novo e desconhecido o WRC STX.
Na primeira temporada consegui quarto da geral e primeiro em veteranos, na segunda quarto da geral uma vez que o Sr. Hélder Silva resolveu fazer 40 anos e estragar-me a festa. O ponto mais alto da minha curta carreira (esta é a terceira época) foi sem dúvida o primeiro lugar na prova das Travessas da época passada.
TM: Corres na escala 1/10, em pista e com um modelo de turismo – esta é a tua preferência por algum motivo especial? Participas noutras competições, esperas vir a participar, começaste mesmo por esta – gostávamos que nos contasses o teu trajeto em termos de competição.
O que gostei muito nesta escala foi do ambiente de partilha, entreajuda, cordialidade, camaradagem (já cá fiz alguns bons amigos), o silêncio dos carros bem como a entrega de potência e performance em pista.
Participo também a nível de clube em provas de Slot. Mas no futuro, e espero que seja próximo, espero vir a competir em F1 elétrico 1/10, seja nacional ou troféu.
TM: Indica-nos qual o equipamento da tua preferência para competir? Qual a tua escolha de chassis, motorização, comando, se tens aspirações neste campo, enfim tudo o que achares relevante – sem revelares os teus truques.
De momento uso evolução do chassis Serpent 4x com eletrónica Hobbywing, baterias EZ Power e rádio Sanwa com servo Savox. Quanto às bodys [carroçarias] vou variando.
TM: Impressões do teu ‘setup’ para este ano? A poucos dias da 5.ª prova e última do campeonato a que se segue a Taça de Portugal pensas que já tens a plataforma estabilizada e no máximo rendimento ou ainda há espaço para evoluir?
Pois, ao nível do setup esta época parece que só agora no final é que começo a compreender melhor o 4x Evo uma vez que no ano passado foi relativamente fácil chegar a um compromisso de eficiência bom. Apesar de ser basicamente a mesma plataforma há grandes diferenças de comportamento entre eles e este ano fiquei sempre muito agarrado ao setup do modelo anterior. De qualquer modo sinto que ainda existe muito a evoluir.
TM: Após a prova realizada na Maia estás em 9.º lugar no campeonato, com 370 pontos. Qual é a tua expectativa para o que ainda falta?
Esta época, para ser completamente sincero, esperava um resultado um pouquinho melhor do que 9.º, mas fruto de alguma “tremideira”, de andar à procura do melhor setup e do nível de andamento dos outros pilotos não me foi possível fazer melhor. Espero definitivamente ser mais competitivo na pista das Travessas e na Taça.
TM: “O nível de competitividade está muito elevado” – é recorrente ouvir esta frase nos meandros das boxes. Qual é a tua opinião?
Como esta é só a minha terceira época não posso opinar sobre os anos anteriores mas este ano parece-me que estão aqui, tirando um ou outro, os pilotos de velocidade mais rápidos a nível nacional. A competitividade tem sido extrema prova a prova estando tudo ainda em aberto nos primeiros lugares.
TM: Consegues dar-nos uma ideia dos teus custos de participação por corrida?
As despesas andam na casa dos 200 euros por prova.
TM: Já alertámos o público em geral para a possibilidade de assistir a este tipo de eventos, de forma gratuita. Na tua opinião o que poderia ser feito para dinamizar uma maior afluência?
Com tantos média, muitos deles a precisarem de conteúdos válidos e interessantes, também eu me interrogo. Como ‘à parte’ acho que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, devia agraciar o nosso maior representante Bruno Coelho, Campeão do Mundo 1/10 TC Elétricos e Campeão Europeu 1/8 Off Road.
TM: Este passatempo contribui para o teu bem-estar ou, com a competição, sentes que é mais uma forma de ‘stress’? Consegues conciliar os treinos e as corridas com a componente familiar e profissional? Recomendas esta actividade a quem nos lê?
Acho que contribui muito para o meu bem-estar, o stress depende da forma como se encara este hobby. É sempre possível conciliar a família e o trabalho com o lazer. Definitivamente recomendo a todos a prática do Radiomodelismo.
O ENTREVISTADO NUM MINUTO
Nome: Paulo Bártolo
Idade: 50
Naturalidade: Arrifana
Reside: Escapães
Preferências pessoais
Hobby: Radiomodelismo, Slotcar, Pesca
Livro: “Assim falava Zaratustra”
Disco/músico: “The Wall – Pink Floyd”/“An American Prayer – The Doors”
Filme: “Apocalipse Now”/”The Wall”
Comida/Prato: Cozido à Portuguesa
Praia: Figueira da Foz (Rainha das praias)
País: Portugal
Férias: Figueira da Foz/Algarve
Viagem que gostava de fazer: Boa pergunta, ao fundo do mar!
O que o inspira: Toda a família, mas os filhos em especial
#TablierMagazine
Para mais informações sobre as provas deste campeonato consulte a página da FEPRA onde pode encontrar esclarecimentos sobre os clubes organizadores: Clube RAC/CRB – Clube de Rádio Modelismo de Benfica, RAC – Clube Radiomodelismo São Domingos de Ranas; AAC – Associação Académica de Coimbra – Secção de Radiomodelismo; CRAFF – Clube de Radiomodelismo da Figueira da Foz; ARMAIA – Associação Recreativa de Modelismo da Maia; ACRP – Clube Radiomodelista do Porto.
A próxima prova, realiza-se nos dias 8 e 9 de setembro, na pista das Travessas, em S. João da Madeira (clube anfitrião ACRP – Clube Radiomodelismo Porto).