ENTREVISTA AO PILOTO NUNO DURÃES | CAMPEONATO NACIONAL ELÉTRICOS 1/10 PISTA

CAMPEONATO NACIONAL DE ELÉCTRICOS | ESCALA 1/10 PISTA
Entrevista ao piloto Nuno Durães

Após a segunda ronda do Campeonato Nacional de Elétricos Escala 1/10 Pista (calendário da FEPRA – Federação Portuguesa de Radiomodelismo Automóvel) realizada na pista do Estádio Universitário, em Coimbra, conversámos com Nuno Durães, terceiro classificado na prova, a quem agradecemos a entrevista e desejamos uma excelente época. A anfitriã foi a Secção de Radiomodelismo da Associação Académica de Coimbra que conseguiu juntar, na cidade do Mondego, 34 pilotos e respetivos assistentes mecânicos.

Nuno Durães conta-nos como começou a correr em RC e a forma como o pai o influenciou. Revela ainda quais os equipamentos que está a usar, e quais as expetativas que tem para este campeonato. O jovem lamenta que pilotos da craveira de Bruno Coelho, João Figueiredo, Carlos Durães ou Ricardo Monteiro não sejam reconhecidos em Portugal.

Tablier Magazine: Nuno, há quanto tempo te ‘morde’ o ‘bichinho’ da competição? Há alguma história relacionada com a tua descoberta do rádio modelismo? O que te trouxe para as ‘corridas’?

A minha primeira corrida foi em 2005, uma prova de Mini-Z no antigo clube ZX-Racing no meu dia de anos. E até à hora da corrida não sabia sequer que ia participar, foi uma prenda surpresa dos meus pais! Na altura quem andava era o meu pai e eu acompanhava-o e ajudava nas corridas, ajudar como quem diz, limpava o carrinho e pouco mais. Vivia mesmo aquilo, sentia uma adrenalina enorme ver o meu pai a competir e aguardava ansiosamente pelo final da corrida para poder dar umas voltinhas com o carro. Já não me recordo do resultado dessa corrida, mas sei que não fiquei em último e para mim já foi um grande feito! Fiquei totalmente apaixonado pelo ambiente de competição, e em 2007 comecei a competir, participei no Campeonato de Mini-Z do CRP e no Troféu Interpistas também de Mini-Z, sendo campeão em ambos na classe Júnior. E foi nesse ano que eu e o meu pai decidimos dedicar mais tempo ao RC, eu como piloto.

TM: Corres na escala 1/10, em pista e com um modelo de turismo – esta é a tua preferência por algum motivo especial? Participas noutras competições, esperas vir a participar, começaste por esta – gostávamos que nos contasses o teu trajeto em termos de competição.

Sempre me despertou muito interesse a classe 1/10 elétrico, mas não é de todo a minha classe preferida. A minha classe fetiche é 1/12, mas infelizmente atualmente em Portugal não existem as melhores condições para a prática de 1/12, por isso a classe que me dá mais prazer andar é sem dúvida 1/8 Pista, é inexplicável transmitir o que sinto quando ando com um carro de 1/8 Pista, é alucinante! Atualmente, para além do Campeonato Nacional de 1/10 Elétrico, participo também no Campeonato Nacional de 1/10 Nitro, que com a minha participação no Europeu em Vila Real, esta classe será o meu principal foco. É um bocado complicado falar no meu trajeto a nível de competição e de escalas, basicamente fiz um bocado de tudo, desde 1/8 TT até 1/12 passando por Mini-Z, 1/18, 1/10TT etc. Mas a minha “escola” é a dos Mini-Z’s, que apesar de ser das escalas mais subvalorizadas no mundo dos RC’s, o nível na altura em que andava era altíssimo e formou muitos pilotos que agora são conhecidos mundialmente. Ao nível de competição sempre participei nos campeonatos e corridas organizadas pelo meu clube o ACRP – Clube Radiomodelista do Porto, só mais tarde por volta de 2012 é que comecei a participar nos Campeonatos Nacionais.

TM: Indica-nos que equipamento optaste para competir? Qual a tua escolha de chassis, motorização, comando e o que achares relevante – sem revelares os teus truques.

Ao nível de chassis estou a usar o novo MugenSeiki MTC1, eletrónica, baterias e carregadores são da marca Team Orion, rádio e servo KO Propo e as carroçarias são BittyDesign. Tudo que é produtos como óleos, massas são da marca Ultimate Racing.

TM: Impressões do teu ‘setup’ para este ano? Depois da 2.ª prova pensas que as coisas estão estáveis ou ainda há muito a evoluir?

É o meu primeiro ano a fazer o Campeonato Nacional de 1/10 Elétrico, logo a experiência não é muita. Ainda andamos muito a “apalpar terreno” com o nosso setup, mas a ambição de fazer melhor é muita, por isso sim ainda há muito a evoluir. Mas tenho-me sentido aos poucos cada vez mais confortável com o conjunto, e para já estou bastante satisfeito, tem tudo para dar certo.

TM: Qual é a tua expectativa para o campeonato deste ano?

Estaria a ser desonesto se dissesse que o resultado não importava que este ano seria só para aprender, eu sou muito exigente comigo mesmo e bastante competitivo, mas também tenho noção da minha falta de experiência e do excelente nível que este campeonato tem. Se em todas as corridas for à final A e se o meu ritmo estiver próximo do piloto mais rápido em cada corrida, considero que foi um bom campeonato de estreia.

TM: Consegues dar-nos uma ideia dos teus custos de participação por corrida?

Depende muito da localização, mas direi entre os 300 a 500 euros por fim de semana de corrida.

TM: É possível, ao público em geral, assistir a este tipo de eventos. O que faz falta dinamizar para haver maior afluência?

É muito complicado responder a isso, ainda para mais num país como o nosso em que o futebol é o principal foco na vida dos portugueses. É triste termos em Portugal excelentes pilotos de RC como o Bruno Coelho, o João Figueiredo, o Carlos Durães ou o Ricardo Monteiro, que dignificam o nome do nosso país pelo mundo fora e não lhes é dado o devido valor no próprio país.

Estou a falar só em reconhecimento, nem quero entrar pela falta de apoio porque então é que não saía daqui.

TM: Este passatempo contribui para o teu bem-estar ou, com a competição, sentes que é mais uma forma de ‘stress’? Consegues conciliar os treinos e as corridas com a componente familiar e profissional? Recomendas esta atividade a quem nos lê?

Como disse anteriormente, vivo muito o espírito de competição e a verdade é que às vezes os níveis de stress elevam demasiado, mas nunca num sentido mau. Isto acaba por ser um escape para mim, quando estou numa corrida o meu único foco é a corrida. Possíveis problemas que esteja a ter, na hora da corrida não me interferem. É muito complicado conciliar tudo, ainda mais com a forma como costumo encarar as coisas. Um dos lemas que me foi incutido no início da minha carreira de RC pelo José Pequito, colega de RC e grande amigo, é que em tudo que participasse tinha de ter a ambição de ser o melhor, independentemente do que fosse, quer fosse a final do campeonato do mundo de 1/8 Pista ou uma simples corrida na Playstation com os amigos. Tento aplicar isso em tudo, seja no RC, seja na faculdade ou com a família e amigos. Torna-se cansativo às vezes, e há sempre uma dessas partes que acaba por sair prejudicada, normalmente são as namoradas por isso não é grave! 

O ENTREVISTADO NUM MINUTO

Nome: Nuno Miguel Macedo Durães
Idade: 23
Naturalidade: Portugal
Reside: Porto
Preferências pessoais
Hobby: Não tenho grande tempo para hobbies, o tempo que tenho livre gasto com os meus amigos.
Livro: “What if I had never tried It”, a autobiografia de Valentino Rossi.
Disco/músico: Muito complicado escolher, mas talvez “Cão” dos Ornatos Violeta, “Cure for Pain” dos Morphine e “Violent Femmes” dos Violent Femmes.
Filme: “Man in the Moon” e “Fight Club”.
Comida/Prato: Francesinha
Praia: Não sou muito fã de praia, prefiro relva e sombra.
País: Não troco o meu país, mas se tivesse de escolher provavelmente Itália.
Férias: As melhores férias para mim são num festival de música com os meus amigos.
Viagem que gostava de fazer: Japão
O que o inspira: Sem dúvida Valentino Rossi e Ayrton Senna.

#TablierMagazine

Para mais informações sobre as provas deste campeonato consulte a página da FEPRA onde pode encontrar mais informações sobre os clubes organizadores: RAC – Clube Radiomodelismo São Domingos de Ranas; AAC – Associação Académica de Coimbra – Secção de Radiomodelismo; CRAFF – Clube de Radiomodelismo da Figueira da Foz; ARMAIA – Associação Recreativa de Modelismo da Maia; ACRP –  Clube Radiomodelista do Porto.

A próxima prova realiza-se nos dias 2 e 3 de junho – pista de Maiorca (clube anfitrião CRAFF – Clube de Radiomodelismo da Figueira da Foz).

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