CAMPEONATO NACIONAL DE ELÉCTRICOS | ESCALA 1/10 PISTA
Entrevista ao piloto José Fernando Cordeiro
Aproxima-se a data de arranque do campeonato nacional de eléctricos, rádio controlados, na escala 1/10, vertente Pista para modelos Turismo.
A primeira prova está agendada para os dias 7 e 8 de abril e vai ter lugar na pista de Monsanto, em Lisboa (sendo anfitrião o clube RAC). Seguem-se provas do campeonato na região centro: em Coimbra, dias 12 e 13 de maio (AAC) e em Maiorca, nos dias 2 e 3 de junho (CRAFF); na região norte, na Maia, a 7 e 8 de julho (ARMAIA) e em S. João da Madeira – Travessas, nos dias 8 e 9 de Setembro (ACRP), terminando o campeonato com a Taça de Portugal, novamente em Monsanto, a 6 e 7 de outubro (RAC).
Para melhor enquadrar esta competição fomos conversar com um dos pilotos federados que participa no campeonato: José Fernando Cordeiro, do RAC, a quem agradecemos a entrevista e desejamos uma excelente época.
Tablier Magazine: Fernando, como é que alguém pode vir a ser piloto de competição de rádio modelismo, em Portugal?
Tudo começa pelo gosto que se tem pelo hobby (acima de tudo é um hobby!). O desejo de competir vem no seguimento de se sentir que já se tem um conhecimento suficiente do modelo radio controlado e que “rodar” só por puro gosto já não chega. A competição serve para aprofundar o que este hobby nos pode oferecer: aprender a afinar o modelo de modo a lidar com as diferentes características das pistas onde as provas são efetuadas. Isso só se aprende em partilha com os outros pilotos, ainda que cada um de nós afine o carro ao seu estilo de condução. Depois de assimiladas as regras básicas de afinação (comuns a todos os chassis), o cronómetro passa a ser o grande adversário, porque terá de haver disponibilidade para treinar individualmente ou em conjunto. Treinar, como em todas as modalidades, é fundamental!
A FEPRA (Federação Portuguesa de Radiomodelismo) supervisiona as competições nacionais. Por sua vez, os clubes que pretendam organizar provas dos campeonatos nacionais terão de se filiar na FEPRA. Os pilotos filiam-se nos clubes pagando quota e, querendo disputar provas dos campeonatos nacionais, licença nacional. Os que desejarem competir além-fronteiras compram a licença internacional.
TM: Há quanto tempo te ‘morde’ o ‘bichinho’ da competição? Há alguma história relacionada com a tua descoberta do rádio controle?
Apaixonei-me pelo hobby aos 15 anos. Comecei a competir por volta dos 19.
TM: Escolheste a escala 1/10, corres em pista e com um modelo de turismo – esta é a tua preferência por algum motivo especial?
Gosto da tecnologia envolvida. Desde a fibra de carbono, titânio dos parafusos e transmissões, passando pelos amortecedores com afinação de pistons, óleos e molas, barras estabilizadoras, pneus de diferentes características até às carroçarias com vários perfis aerodinâmicos.
TM: Tanto quanto sabemos, há rigor na definição dos equipamentos a utilizar no campeonato. Explica, resumidamente, como se processa a escolha de chassis, motorização, pneus e se há restrições no tipo de comando a usar?
Há várias marcas de chassis. Há um peso e dimensões a respeitar por todos, segundo regras estipuladas internacionalmente, que a nossa Federação adota. Há duas categorias: modificados e stocks. Atualmente, a escolha da totalidade dos pilotos recai na variante stocks: motores elétricos 10.5T. As baterias também são livres em termos de marcas mas não podem debitar mais de 7.40 volts quando o carro é posto na pista (devidamente controlado em inspeção técnica). Após a disputa das mangas, todos os carros são inspecionados de modo a verificar a sua conformidade com as normas. Os pneus são iguais para todos e entregues pela organização no dia da prova, ainda que se possa treinar com pneus idênticos comprados nas lojas da modalidade. Os comandos são livres e funcionam em frequência 2.4 GHz, eliminando o antigo problema da existência de interferências.
TM: Primeiras impressões do teu ‘setup’ para este ano?
Adaptar o melhor possível o chassis aos novos pneus obrigatórios e iguais para todos.
TM: Qual é a tua expectativa para o campeonato deste ano?
Conseguir aceder à final A (constituída pelos dez primeiros, após as qualificações) seria muito bom.
TM: É possível, ao público em geral, assistir a este tipo de eventos. Uma vez que as provas se organizam em diversas fases, o que recomendas a quem nunca foi ver?
É possível assistir e são todos muito bem-vindos. E estamos sempre disponíveis para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o hobby. Recomendo que privilegiem as provas que se disputem mais perto de onde residem e que escolham o domingo, já que as finais são sempre disputadas nesse dia.
TM: Consegues dar-nos uma ideia dos custos de participação por corrida?
Os maiores custos estão relacionados com a viagem e estadia nos locais onde as provas são realizadas. A inscrição, que inclui um jogo de pneus, custa €50.
TM: Como funcionam, se é que existem, os apoios para quem participa de forma ativa na competição? Há patrocínios ou outro tipo de ajudas?
Há alguns pilotos com patrocínios parciais. No entanto, temos o nosso melhor piloto, que também é um dos melhores do mundo, Bruno Coelho, a receber um salário pago pela marca que representa (a Xray).
TM: Para terminar – és um cidadão com uma vida pessoal e profissional: o teu dia-a-dia é num emprego das 9h às 17h. Este passatempo contribui para o teu bem-estar ou, com a competição, sentes que é mais uma forma de ‘stress’? Consegues conciliar os treinos e as corridas com a componente familiar e profissional? Recomendas esta actividade a quem nos lê?
Recomendo vivamente. Este, em particular porque é o meu, mas qualquer hobby porque traz equilíbrio e fonte de grande satisfação, ainda que, nesta fase, lhe dedique menos tempo na vertente competitiva e me concentre mais no colecionismo.
A melhor classificação do José Fernando Cordeiro foi um 1º lugar no campeonato nacional Pro10 de 1996.
O ENTREVISTADO NUM MINUTO
Nome: José Fernando Cordeiro
Idade: 50
Naturalidade: Guiné-Bissau
Reside, atualmente: Lisboa
Preferências pessoais
Hobby: Radiomodelismo (paixão!)
Livro: Vários, porque é difícil escolher só um.
Disco/músico: Vários, pela mesma razão.
Filme: Star Wars.
Comida/Prato: Feijoada à transmontana.
Praia: Praia do Castelo, Algarve.
País: Portugal.
Férias: É quase indiferente, desde que esteja bem acompanhado.
Viagem que gostava de fazer: Japão!
O que o inspira: As pessoas mais velhas pela experiência que têm.
Descobrimos, durante a entrevista, que o piloto do nacional abraça também o colecionismo de modelos rádio controlados, possuindo diversos kits, quer montados, quer em estado novo ‘in the box’ – talvez esse seja um bom motivo para uma nova conversa.
O rádio modelismo, enquanto passatempo, baseia-se na construção de modelos à escala – carros, barcos, aviões, helicópteros, entre outros – possuindo, pelo menos, um motor e possibilitando a sua ‘condução/pilotagem’, remotamente, por rádio. Estes modelos são usados quer para diversão, quer para competição. A componente de construção, e decoração, dos modelos é, não raras vezes, assumida pelos modelistas.
Se pretende iniciar-se neste passatempo é fundamental decidir o que pretende fazer. Existem muitos modelos disponíveis para os interessados, em diversas gamas de preços, controlados por rádio, com motores eléctricos ou a combustão. Existem modelos específicos para competição, e outros vocacionados para lazer, sendo a maior resistência dos primeiros uma necessidade óbvia. Também a adaptação ao tipo e terreno são critérios a ter em conta, já que os modelos de carros para competição, em piso de asfalto, não têm as mesmas características de um outro terreno mais acidentado.
Importante, e recomendado, é abordar uma das associações ou clubes que reúnem quem desenvolve esta actividade.
#TablierMagazine
Para mais informações sobre as provas deste campeonato consulte a página da FEPRA onde pode encontrar mais informações sobre os clubes organizadores: RAC – Clube Radiomodelismo São Domingos de Ranas; AAC – Associação Académica de Coimbra – Secção de Radiomodelismo; CRAFF – Clube de Radiomodelismo da Figueira da Foz; ARMAIA – Associação Recreativa de Modelismo da Maia; ACRP – Clube Radiomodelista do Porto.